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2023-03-29

Mercado global com reciprocidade


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A Riopele fechou o ano de 2022 com um volume de negócios de 92,6 milhões de euros, o que significa um crescimento superior a 45% relativamente ao ano anterior.

José Alexandre Oliveira reconhece que “o balanço é claramente positivo, não obstante a enorme exigência, em especial com o aumento das matérias-primas e o crescimento anormal dos custos energéticos, que condicionaram naturalmente os resultados operacionais”.

O ano de 2023 poderá ser “um ano de consolidação do negócio”. Para isso considera que “o ambicioso plano de investimentos em curso será decisivo para que possamos conquistar novos ganhos competitivos”.

A outro nível, o Presidente da empresa destaca que “a Riopele quer capitalizar o conhecimento acumulado ao longo de décadas no desenvolvimento de tecidos para a fileira da moda, pelo que o investimento noutros segmentos de mercado poderá contribuir para impulsionar a expansão da empresa”.

Que balanço faz do exercício de 2022?

Fechamos o ano com um volume de negócios de 92,6 milhões de euros, o que significa um dos melhores registos de sempre. Para a Riopele, representou o superar da atividade registada nos anos imediatamente anteriores à pandemia. Trata-se de uma performance notável. Porém, não posso deixar de o dizer, em consequência do aumento anormal do custo do gás e energia, as margens e os resultados foram afetados.

A Riopele já recuperou da pandemia?

O ano foi claramente um ano de recuperação do impacto económico provocado pela pandemia. Foi também um ano em que a empresa conseguiu reduzir a sua dívida bruta a instituições financeiras. Paralelamente, foram realizados investimentos importantes para o futuro imediato, designadamente, na diversificação e descarbonização das fontes energéticas com a implementação da instalação de uma unidade de biomassa para a produção de energia térmica, vapor e água quente, para o processo produtivo. Por último, destaco o reforço e melhoria das condições de trabalho na empresa e o reconhecimento aos trabalhadores mais antigos ainda no ativo. Atingimos estes resultados porque a Riopele tem excelentes profissionais, que foram capazes de transformar os desafios em oportunidades.

Já foi presidente de Associação do setor. Que avaliação faz da situação atual da indústria têxtil e vestuário em Portugal?

A indústria têxtil e de vestuário em Portugal tem uma evolução muito interessante, mesmo num contexto em que enfrenta vários desafios. Devemos estar na vanguarda. Não vejo outra alternativa. Precisamos de continuar a investir em tecnologia de ponta, em automação, num processo de inovação contínua e em novos segmentos de clientes. Além disso, era importante que o princípio da reciprocidade no mercado global fosse uma realidade e que houvesse incentivos para que as empresas e os negócios ganhem escala.

A sustentabilidade é uma oportunidade para a indústria portuguesa?

As empresas portuguesas devem investir em materiais sustentáveis, em produção com baixo impacto ambiental e práticas de trabalho justas e éticas. Já a digitalização, por exemplo, pode ajudar as empresas têxteis a melhorar a eficiência da produção, a reduzir custos e a melhorar a experiência do cliente. A outro nível, a indústria têxtil tem uma longa tradição em Portugal, mas é importante reforçar os investimentos no domínio da qualificação das pessoas e retenção de talentos.

A Riopele está a investir noutras áreas de negócio como o setor da mobilidade. O que significa isso para o futuro da empresa?

A Riopele, pela sua dimensão e capacidade instalada, tem procurado potenciar novas áreas de negócio. Diversificar a atividade é uma constante na nossa estratégia. Procuramos, de resto, aliar o nosso longo historial e conhecimento profundo no segmento de moda e vestuário a uma abordagem criativa e diferenciadora no desenvolvimento de novos produtos para o setor da mobilidade. O segmento dos têxteis-técnicos é uma das áreas de negócio em maior crescimento a nível internacional e com enorme potencial.

Que perspetivas tem a Riopele para 2023?

Há já vários meses que interiorizamos que o ano de 2023 será de grande incerteza e exigência. A nossa capacidade de prever os desafios de curto e médio prazo irá revelar-se fundamental para não ficarmos reféns de circunstâncias do momento. Um dos maiores desafios será manter o nosso caminho de sustentabilidade. A sustentabilidade tem sido uma prioridade para a empresa há anos e é essencial para o nosso sucesso a longo prazo. Por essa razão, temos em curso investimentos significativos na transição para fontes de energia renováveis, bem como no desenvolvimento de novos produtos e processos, de modo a atingirmos o compromisso ambicioso de nos tornarmos operacionalmente neutros em carbono até 2027.