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2024-08-09

As profissões do futuro


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A indústria da moda europeia tem vindo a sofrer profundas mudanças no passado recente. Dados da Comissão Europeia apontam que, até 2020, a indústria europeia da moda acomodará 500 mil novos colaboradores. Acresce que com as empresas particularmente centradas em temas como a automação, a digitalização e a sustentabilidade, emergirão novas profissões no futuro. Para Sennait Ghebreab “o futuro da indústria da moda exigirá uma combinação de artesanato tradicional e habilidades tecnológicas de ponta”.

De acordo com a autora do livro “Responsible Fashion Business in Practice: Sustainable Concepts and Cases across the Fashion Industry” e professora do Instituto Marangoni em Londres, “a proficiência em ferramentas digitais de design e produção, como a modelagem 3D e prototipagem virtual será crucial”, mas há outras competências imprescindíveis como “a análise de dados para compreender as tendências e preferências dos consumidores”. Segundo Sennait Ghebreab “o conhecimento de práticas e materiais sustentáveis também será essencial, pois as empresas priorizam a responsabilidade ambiental”. Além disso, “será necessária uma compreensão das tecnologias de automação e da sua aplicação nos processos de fabrico para aumentar a eficiência e a produtividade”. 

Sennait Ghebreab defende que “sistema educativo deve evoluir”, proporcionando “uma abordagem mais interdisciplinar, integrando tecnologia, sustentabilidade e negócios nos currículos tradicionais de design de moda”. Já as instituições académicas “devem colaborar estreitamente com os parceiros da indústria para garantir que os seus programas permanecem relevantes e atualizados com as últimas tendências e tecnologias”. Importa, por isso, “oferecer uma experiência prática com ferramentas digitais, práticas sustentáveis e tecnologias de automação”. De igual modo, importa “promover uma mentalidade de aprendizagem contínua”, enquanto a “adaptabilidade preparará os alunos para navegarem em cenários dinâmicos da indústria da moda”.

Do lado empresarial, “as empresas devem priorizar uma combinação de competências técnicas e interpessoais ao recrutar novos talentos”. Sennait Ghebreab considera que “habilidades técnicas como proficiência em software de design digital, análise de dados e conhecimento de materiais e práticas sustentáveis são essenciais.” No entanto, “competências sociais como criatividade, resolução de problemas, adaptabilidade e comunicação eficaz são igualmente importantes”. Já a capacidade de trabalhar “de forma colaborativa em equipas diversas e de pensar criticamente sobre a integração da tecnologia e da sustentabilidade na moda será altamente valorizada”. Por fim, “uma mentalidade empreendedora e uma vontade de aprender e inovar continuamente irão diferenciar os candidatos”.

A importância da IA

A outro nível, a inteligência artificial “tem o potencial de revolucionar a educação em moda, proporcionando experiências de aprendizagem personalizadas e melhorando os processos de design”. Com efeito, “a IA pode oferecer feedback e apoio personalizados aos alunos, ajudando-os a melhorar as suas competências de forma mais eficiente”, sublinha Sennait Ghebreab.

No design em particular, “a IA pode ajudar na previsão de tendências, na seleção de tecidos e até na criação automatizada de padrões, permitindo que os designers se concentrem mais na criatividade e na inovação”. Além disso, “a análise baseada em IA pode fornecer informações valiosas sobre o comportamento do consumidor, ajudando os educadores a adaptar os seus programas para melhor atender às exigências da indústria”. No geral, considera Sennait Ghebreab, “a IA será uma ferramenta poderosa na criação de um sistema educacional mais dinâmico, ágil e eficaz para a indústria da moda”.