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Que futuro está reservado à indústria portuguesa têxtil e de vestuário? Que novas soluções estão a ser testadas para assegurar novos ganhos competitivo no futuro? O que vamos vestir no amanhã?
Essas e outras questões mais ou menos complexas poderão ser respondidas pelo Be@t, o projeto de bioeconomia sustentável liderado pelo Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE). O nome parece complexo, mas trata-se de um conjunto de 54 entidades, como empresas, universidades ou centros tecnológicos que vão trabalhar em conjunto para transformar a indústria têxtil nacional. O trabalho implica o desenvolvimento de novas matérias-primas em alternativa às de origem fóssil, assim como novas tecnologias de fabrico e processamento, de forma a promover a circularidade e reutilização de fibras e resíduos. A um nível social, há também a intenção de sensibilizar a sociedade para uma mudança necessária.
O projeto Be@t tem o objetivo ambicioso de promover uma alteração no paradigma neste setor. Ou seja, marcar “um novo ritmo de mudança e acelerar a criação de produtos de alto valor acrescentado a partir de recursos biológicos, em alternativa às matérias de base fóssil, mas sem deixar de garantir e até elevando padrões de qualidade com forte potencial em diferentes segmentos de mercado”, defende o diretor-geral do CITEVE, Braz Costa, no site da instituição
O Be@t reune empresas com criativos para transformar a indústria do têxtil nacional mais sustentável. O projeto está alinhado com o passaporte digital de produto europeu e conta com fundos do PRR. Terá a duração de três anos, conta com a participação da ModaLisboa e do Portugal Fashion, responsáveis pelas semanas de moda nacionais. O Be@t será com potos por duas fases distintas, a ideação e a aceleração. Os designers de moda, têxtil ou produto, engenheiros têxteis e também micro-marcas nacionais podem apresentar candidaturas e os selecionados terão depois um desafio das empresas parceiras, a Riopele e a Tintex Textiles. Os cinco projetos vencedores avançam para a fase seguinte, a Aceleração, em que a cada um se junta uma PME durante cinco meses e as equipas terão acesso a formação, mentoria e workshops personalizados com fim a criar projetos piloto que tenham por base sustentabilidade e circularidade, de acordo com a ModaLisboa. Com o Portugal Fashion, o público alvo são os designers da plataforma Bloom e vai consistir em capacitar 10 a 12 destes jovens talentos para a integração de critérios do design circular nas coleções que vão apresentar em desfile. Este projeto também terá a duração de cinco meses.
O nome “Be@t” surge da expressão em inglês (bioeconomy at textiles / bioeconomia no têxtil). A indústria da moda está em constante evolução e o mercado, cada vez, exige mudanças e o respeito pelo meio ambiente. Este projeto representa um investimento de 138 milhões de euros, dos quais 71 milhões são do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e tem uma duração prevista de três anos, com fim em dezembro de 2025. A ideia é que nessa janela temporal a mudança abranja das “matérias-prima ao design, à investigação e à produção”. Os objetivos passam também por cumprir metas de defesa ambiental e desenvolver novas estratégias de conquista de mercado (nacional e internacional).
O passaporte digital de produto
Tornar a indústria têxtil sustentável é uma preocupação de nível internacional e também está na agenda da Comissão Europeia, uma vez que o consumo de têxteis representa o quarto maior impacto no ambiente e nas alterações climáticas, atrás da alimentação, da habitação e da mobilidade. A 30 de março de 2022, a Comissão apresentou um pacote de propostas do Pacto Ecológico Europeu para “tornar os produtos sustentáveis a regra na União Europeia”, lê-se no comunicado. Esta mudança passa por tornar a maioria dos bens físicos no mercado europeu mais amigos do ambiente e energeticamente eficientes, em todo o seu ciclo de vida, através de novas regras.
A meta está em 2030 e o objetivo é que, por essa altura, os produtos têxteis no mercado sejam de longa duração e o mais ecológicos possível, respeitando os direitos sociais e o meio ambiente. Para tal, as medidas específicas incluem requisitos de ecodesign para os têxteis, informações mais claras, um esquema de responsabilidade do produtor obrigatório em toda a União Europeia e um Passaporte Digital de Produto (Digital Product Passports, DPP) que, inicialmente, se vai focar em três setores: eletrónica, baterias e têxteis. No caso dos produtos têxteis, este passaporte vai ter informação sobre a circularidade do produto e aspetos ambientais relevantes. O operador económico que coloca o produto no mercado é o responsável por disponibilizar a informação e o acesso à mesma é gratuito e feito através de, por exemplo, código QR.